Da internet enquanto ferramenta na luta social

Pânico: Bandidos invadem churrascaria Dom Pedro e realizam arrastão
(Foto: Arquivo)

O crescente uso da internet serve para inúmeras questões: exibir e expor uma vida privada, prejudicar a vida dos outros, dar voz aos imbecis – como falou o escritor italiano Umberto Eco –, para modismos, mas, também, para se solidarizar com o mundo e com os seres humanos, de modo universal, e, mais incisivamente, com os que mais precisam. As ditas minorias – não em número mas em direitos sociais –, como o movimento LGBT (Lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais), os pobres, as crianças, as mulheres e as demais vítimas sociais, são alvos cotidianos de injustiças e de tantos preconceitos quanto são possíveis imaginar.

Depois da polêmica gerada por um pastor evangélico, quando recomendou que seus correligionários boicotassem determinada marca de cosméticos – devido a um comercial veiculado, onde pessoas do mesmo sexo celebram o dia dos namorados presenteando seu (a) companheiro (a) com um exemplar da tal marca –, duas questões se somaram para engendrar o que levou à comemoração e à solidariedade ao movimento LGBT apoiadas pelas redes sociais na internet. Uma delas é que o movimento LGBT “e todas aquelas [pessoas] que tenham sua identidade de gênero não reconhecida em diferentes espaços sociais” (Conforme resolução nº 12 de janeiro de 2010 – atualizada em 2015 –, do Conselho Nacional de combate à discriminação e promoções dos direitos de LGBT), teve aprovado o direito de usar o chamado nome social – também na escola: nós diários de classe e credenciais estudantis –, designação pela qual a pessoa deseja ser chamada, junto ao seu de registro, o chamado civil. O nome que escolher ser chamada designará a subjetividade desenvolvida pela pessoa. Essa deverá ser respeitada e não questionada pelo uso do banheiro, de roupas, por comportamentos e por nada mais que não fira o direito dos outros, mas sem deixar os seus de lado. O problema é que essa resolução aparece como recomendação e não lei, isso em virtude da autonomia que possui as instituições de ensino.

Já a outra é que o casamento homoafetivo – de pessoas do mesmo sexo – foi legalizado em todos os estados dos Estados Unidos. Esse acontecimento histórico, aprovado pela Suprema Corte na sexta-feira, 26 de junho, representa uma conquista deveras importante para o mundo, pois, se isso ocorreu num país de relevante visibilidade, como aquele, as pessoas que ainda não têm sua identidade de gênero reconhecida e respeitada, podem continuar sonhando, agora com mais essa evidência de que podem ir em busca de sua realização pessoal.

Assim, depois que algumas entidades e pessoas começaram a se manifestar nas redes sociais, com a colorida flâmula LBGT, o criador de uma requisitada e influente rede social adere ao uso da bandeira colorida e disponibiliza em sua rede um link da ferramenta – “Let’s celebrate pride” – entendida como “Vamos celebrar o orgulho”, que sobrepõe um colorido sobre a foto do perfil nesta rede social.

É compromisso digno que seja feito do espaço em que se vive – salas de aula, família, relacionamentos, amigos, bares, festas, internet – locais de luta contra os tantos problemas sociais. Lembrando Bob Marley – quando ia fazer um show e foi vítima de um atentado em 1978, com dois tiros no braço. Dois dias após o ocorrido realizou o show pela paz (One Love Peace Concert) e, ao ser questionado do porquê de se expor mesmo correndo risco de morte, respondeu: “As pessoas que fazem de tudo para piorar o mundo não descansam. Por que eu, que quero melhorá-lo, tenho que descansar?” Deste modo, também os cônscios usuários das redes sociais da internet não devem se esquivar de seu papel de luta na relação de classes, e se posicionar nos mais diversificados locais, como é o caso crescente da internet.

Nos aspectos aqui discutidos, gênero e a livre orientação da condição sexual, o direito faz-se necessário quando não se tem respeito mútuo, o que é conquistado com muita luta. É importante estar atento (a) e observar que essa conquista também sinaliza o atraso em que o mundo ainda se encontra em muitas questões, tal qual essa da sexualidade, isso ao passo que se faz mister cuidar para que essa benesse não seja mais uma a serviço do capital.

Por Fernando Gramoza