Sobre educação conjunta e significativa

Sobre educação conjunta e significativa
(Foto: Divulgação)

Em conjunto, as mais recentes pesquisas e notícias apontam o desrespeito e a indisciplina como sendo dois dos maiores problemas da educação, na relação professor-aluno e demais cidadãos – seja ela do ensino primário ao nível superior. Para pensar essa questão, entendemos que a educação, para ser significativa na vida do educando, precisa transpor as bases institucionais e se articular com a vida cotidiana deste. O que exige uma ação conjunta entre família/parentes, escola, trabalho e demais ambientes que sejam frequentados por quem esteja sendo educado.

De acordo com a definição dada pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura – UNESCO, a educação precisa, necessariamente, reunir alguns pilares, dentre estes o que se refere às reflexões sobre ética e moral. Deste modo, cabe pensar o professor como um mediador atuante na relação do aluno com a escola e com o mundo, bem como dele com o que lhe é transmitido e socialmente vivido.

Durante muito tempo acreditou-se que a figura do docente era, e deveria ser, centralizadora e monopólio do conhecimento, ficando relegada ao discente a conotação de depósito de conhecimento acrítico, pronto e acabado. Essa relação entre professor e aluno mostrou que é contraproducente e que não culmina em conhecimento significativo – aprendizado teórico, prático e reflexivo – que acarreta uma mudança ou construção de uma vida comprometida socialmente. Quando o estudante não consegue reconhecer em seu dia a dia o que lhe é ensinado, sua vida não é transformada e fica à margem do real conhecimento que o torna um ser social. Sendo assim, não é estabelecido um ambiente onde o estudante possa ter uma relação amistosa com a sociedade, respeitando as pessoas, inclusive os professores, convivendo com as diferenças e contribuindo para a melhoria da vida numa correlação com a natureza.

Ao lembrar o educador pernambucano Paulo Freire – em obras como a Pedagogia da Autonomia de 2009 –, fica perceptível que a educação e, consequentemente, o conhecimento que é transmitido, precisam ocorrer como partilha e mediação, de forma a agregar valores à vida do educando, inserindo este no processo de ensino e aprendizagem, de modo que também este assuma seu papel nesta seara. Do contrário, tal conhecimento em nada contribuirá, como ferramenta, para as peculiaridades da vida. E, tão certamente, o aluno não fará parte dessa proposta social. Agirá sem compromisso, disciplina ou respeito para com o professor e demais seres sociais envolvidos.

Isso acontece ao passo que o estudante, que haje de modo socialmente descomprometido com as questões da vida e do mundo, somente – caso tenha oportunidade – engrossará as filas do, cada vez mais injusto e segregacionista, mercado de trabalho. Desse modo, deixará de lado o processo criador das artes, seja a música, o teatro, a literatura, a pintura, a fotografia, a poesia etc..

Assim, a importante figura do professor precisa atuar em conjunto com toda a sociedade, de forma a significar a vida do educando. Quaisquer imagem, teoria, modo ou ação que não estejam centrados em partilhar e envolver o aluno na senda do conhecimento, de forma crítico-reflexiva, de sua existência e de suas condições materiais e imateriais, terão fortes indícios de serem rejeitadas pelo discente, pois este perceberá que, em pouco ou nada, isso significa em sua vida. Parafraseando Elanklever – Elvio Antunes de Arruda (1953): só fica o que significa.

Por Fernando Gramoza